Radio Digital no Brasil

Versus  

De dois anos para cá o ministério das comunicações encomendou um relatório para definir qual seria o melhor padrão de rádio digital para ser adotado pelo Brasil: se HDRadio (conhecido como IBOC – In-Band-On-Channel) ou o DRM,  Digital Rádio Mondiale, (não confundir com o DRM Digital rights management, proteção anti-copias do Itunes). O primeiro é o padrão de rádio adotado nos EUA. e o outro em diversos países, principalmente na Europa. Cada um com suas particularidades, vantagens e desvantagens.

A Universidade Makenzi foi escolhida para as avaliar os resultados dos testes dos dois padrões. Quando o relatório final foi publicado, os técnicos da Makenzi definiram que o padrão HDRadio
não estava pronto para ser escolhido pelo Brasil como sistema padrão.
A ABERT – Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão levou dois anos nos testes para emitir um relatório. O ministro Hélio Costa mandou o relatório à Makenzi e seus técnicos disseram que os testes não
favoreceriam o padrão IBOC no AM;

 
DRM e IBOC

Na época em que foi pedido este relatório, não existia um padrão único que atendesse com 100% todas as faixas de freqüência mais utilizadas no Brasil (FM, OM e OC). Nesta mesma época, o DRM só contemplava OM e OC e o IBOC OM e FM. Porém os testes, principalmente em OM, não chegaram aos resultados adequados com o sistema americano, apresentando muitos problemas de interferência e sombras. Neste mesmo período foi feito muito pouco em testes com o DRM, já que o na época não existia uma padrão de rádio que pudesse fazer frente ao padrão americano IBOC na faixa de FM.

Porém a situação mudou drasticamente em dois anos. O padrão europeu evoluiu para o DRM Plus ou DRM+. por este ser de código aberto e não depender somente de uma única empresa para seu desenvolvimento. E agora, com a implementação do DRM+, o padrão europeu atende todas as três faixas de
radio brasileiras (OM, OC, FM).

No congresso de telecomunicações deste ano em Brasília, por sorte ou até por influência de muitos apaixonados por rádio no país, o consórcio DRM veio ao Brasil e mostrou que tem um sistema excelente, mudando o jogo no último tempo.

Por ocasião do congresso o Ministro Hélio Costa anunciou uma consulta pública sobre os sistemas de
rádio digital. Mas, infelizmente, não estamos conseguindo encontrar esta consulta em lugar algum, nem eu nem ninguém, muitos interessados na area estão a procura também, experimente procurar você mesmo. Só ira encontrar notícias velhas, e nada no site da Anatel no Ministério das Telecomunicações e nem resposta a emails enviados insistentemente ao ministério.
Então, confiando na idoneidade das instituições, só nos restaria uma alternativa a consulta: “ainda não
foi lançada!”

Infelizmente devo estar errado. O ministro disse, em um de seus últimos pronunciamentos, que tinha
que decidir o padrão até o dia 22 de novembro de 2009. O mais incrível é que esta data é a data final dos seis meses do anúncio da consulta pública para a radio digital. Interessante consulta “Pública” para pessoas privilegiadas.

Os brasileiros sabem que tudo que está ligado a comunicação no Brasil sempre está nas mãos de políticos e/ou pessoas influentes. Esta tradição perdura por muito tempo. Afinal, por que tanta pressa para “modernizar o rádio” que ficou praticamente estático nos últimos 40 anos. Por que adotar um sistema proprietário “uma caixa preta” que não pode ser alterado, a não ser por técnicos do sistema americano IBOC e que, ainda, se tenha de pagar muito por isso?

A adoção do IBOC, naquela época, só contemplaria as rádios comercialmente rentáveis e acabaria enterrando definitivamente as rádios de ondas curtas ( o IBOC não opera em Ondas Curtas). E em 10 anos aproximadamente, as rádios que não estiverem dentro do novo padrão digital escolhido, deverão deixar de transmitir seus sinais analógicos. Quais rádios são estas? As rádios comunitárias, as universitárias e até mesmo as piratas? ou seja, aquelas que são uma pedra no sapato das rádios oficiais comerciais, aquelas das “concessões políticas”.

Muitas coisas, nesse período, deram errado aos “amantes do IBOC”. Este sistema falhou em suas transmissões em OM e a competência dos técnicos da Universidade Makenzie não deixaram passar em branco. O DRM evoluiu enquanto o IBOC continuou o mesmo, com uma alta taxa de rejeição pelos próprios radiodifusores norte-americanos.

Em um recente pronunciamento, o Ministro Hélio Costa, por já ter trabalhado como repórter e conhecedor do tamanho do Brasil, disse estar impressionado com a possibilidades das transmissões digitais em Ondas Curtas. Por seus potenciais para a rede de educação a distância, com a mobilidade que um rádio tem em relação a TV e com as grandes dimensões do Brasil, ele afirmou que estava praticamente decidido a adoção do padrão europeu DRM. Inclusive mostrou estar maravilhado com as transmissões de uma emissora em Ondas Curtas da Guiana Francesa que transmitiu, como demonstração, com antenas apontadas para o Brasil por vários dias.

Mas, infelizmente, nem tudo está certo pelo menos aparentemente. Pressionado por algumas rádios que já se anteciparam e compraram os transmissores IBOC, Costa reformulou a sua afirmação. Aí surge a pergunta: porque 14 rádios comprariam equipamentos de transmissão caríssimos de um sistema que nem esta homologado no Brasil? A quem interessa isso?
Por que devemos demonstrar compaixão por quem apostou errado, por achar que era “galinha morta? Isso é a mesma coisa que se preocupar com um especulador que se confiou em uma decisão errada.

Será que não seria pressão de antigos patrões ou colegas de trabalho do Ministro?

Como estamos no início das transmissões da TV digital brasileira, poderíamos incluir receptores de rádio digital DRM e DRM+ nos novos receptor de TV, o que seria praticamente impossível se envolvesse um sistema proprietário como o IBOC.

Os celulares também deveriam conter receptores DRM e DRM+. Praticamente todas as pessoas trocarão seus celulares nos próximos 5 anos. Seriam mais de 150 milhões de receptores DRM e seus possíveis espectadores.

Agora só nos resta ficar na expectativa de o consórcio DRM fazer uma boa demonstração dos padrões DRM (Ondas Médias e Curtas) e DRM+ (FM) e provar que também é eficiente em “simulcast” em Ondas Médias, Curtas e principalmente na banda de FM – faixa esta que o DRM+ está em fase de finalização da homologação internacional.

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